A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro disse, por meio de suas redes sociais, que ela e o marido, Jair Bolsonaro (PL), não sabem o que motivou a ação que a Polícia Federal fez, na manha desta quarta (3), em um endereço do ex-presidente.

“Hoje a PF fez uma busca e apreensão na nossa casa, não sabemos o motivo e nem o nosso advogado não teve acesso aos autos”, escreveu ela em sua rede social. Ela disse ainda que apenas o celular do ex-presidente foi apreendido.

“Ficamos sabendo, pela imprensa, que o motivo seria ‘falsificação de cartão de vacina’ do meu marido e de nossa filha, Laura. Na minha casa, apenas EU fui vacinada”, escreveu Michelle no Stories do Instagram.

A operação ocorre no âmbito de uma investigação, diz a PF, sobre uma suposta “associação criminosa constituída para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde.”

A ação foi motivada por indícios de que dados de vacinação do ex-presidente no SUS teriam sido fraudados para incluir o registro de imunização contra a Covid-19 para que ele pudesse entrar nos EUA no fim do ano passado.

Bolsonaro sempre afirmou que nunca tomou vacina.

O advogado Paulo Cunha Bueno, que defende Bolsonaro, diz que o ex-presidente ficará em silêncio caso tenha que depor nesta semana na Polícia Federal.

Ele foi intimado para responder a perguntas dos policiais ainda nesta quarta (3), às 10 horas. A defesa tenta evitar a oitiva e já informou a PF que ele não deve comparecer à sede da instituição nesta manhã.

Segundo Cunha Bueno, o ex-presidente está sendo “coagido a ficar quieto” pelo absurdo de a Polícia Federal executar uma ordem de busca e apreensão na casa dele às 7h e, na sequência, marcar um depoimento para menos de três horas depois, sem que os advogados tenham tido acesso aos autos.

“É uma condução coercitiva às avessas, na prática. Algo que o Supremo Tribunal Federal já tinha dito que não poderia ocorrer”, segue ele.

“Eu sou um advogado que raramente orienta um cliente a fazer uso do direito que todos têm ao silêncio”, afirma Cunha Bueno. “Mas querer botar calor, não deixar que a defesa conheça os autos antes de a pessoa depor, não nos deixa outra opção”, diz.

Cunha Bueno questiona a própria operação, já que os fatos investigados não seriam contemporâneos, como exige a lei para que uma busca seja realizada.

Da coluna Mônica Bergamo, Folha de São Paulo