Flávio Dino construiu uma parte importante de sua carreira política na oposição a José Sarney e seu clã no Maranhão.
Prova de que, entre poderosos, nada é para sempre — nem as mágoas —, um dos primeiros atos de Dino, ao ser indicado ao STF por Lula, foi conversar com Sarney e pedir seu apoio.
Sarney não só se comprometeu a ajudar o rival como saiu telefonando para senadores da sua ampla rede de influência em defesa de Dino.
Um dos abordados por Sarney foi o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga. Na quarta, ele disse a Dino que a bancada de onze senadores fará uma reunião na véspera da sabatina na CCJ do Senado e fechará questão para votar unida para aprová-lo ao Supremo.
Em 2018, o ex-presidente reclamou da “perseguição” de Dino, então governador do Maranhão, que usava o nome Sarney para atacar Roseana na campanha eleitoral. “O governo atual, a minha impressão é que tem os olhos no retrovisor, só olha para trás e o escolhido é o Zé Sarney. Coitado de mim! Nesta idade, era para ser respeitado”, disse Sarney, ao lançar Roseana ao governo.
Em resposta, Dino foi ainda mais duro com Sarney, dizendo que ele adotava a “vitimização como retórica do desespero”. “É síndrome de abstinência de dinheiro público, de privilégios. Eles sempre tiveram acesso amplo aos cofres públicos para seus negócios e para manter seus luxos”, disse Dino.
O ex-presidente da República José Sarney (MDB) decidiu apoiar o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), na busca por votos após sua indicação para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), feita na segunda-feira (26) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os dois conversaram durante a semana, ocasião em que o emedebista destacou sua satisfação por ver um maranhense indicado à mais alta Corte do país.
Dino resolveu pedir ajuda ao ex-presidente para conseguir os votos necessários na sabatina a que será submetido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. A sessão está marcada para o dia 13 de dezembro, e terá relatoria do também maranhense Weverton Rocha (PDT).
Dino precisa de 41 votos e já tem 24 votos garantidos e 21 contrários. Em tese, faltariam 17 votos para que ele consiga ter sua indicação ratificada pelo Senado.
Da revista Veja