Depois que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), destacou que em delação premiada, o ex-PM Élcio de Queiroz confirmou a participação dele e do ex-policial reformado Ronnie Lessa no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o ex-procurador da Lava Jato e ex-deputado federal, Deltan Dallagnol cobrou coerência.
Dallagnol lembrou que alguns estavam desconsiderando o instituto da delação premiada, quando dos casos envolvendo a Lava Jato, mas que agora estavam comemorando e se vangloriando do mesmo procedimento.
“Delação agora é prova? Até ontem, o PGR tava desdenunciando e o STF tava desrecebendo denúncias adoidado contra corruptos sob o fundamento de que apenas a delação não é suficiente. Alguma lei deve ter mudado… Ou o que mudou foi a capa dos autos? Elcio Queiro, delator no caso Marielle, está preso preventivamente desde março/2019, há mais de 1.500 dias. Cadê o ministro Gilmar Mendes, os advogados do prerrô e os jornalistas que criticavam as prisões alongadas de Curitiba? O problema era a Lava Jato né?”, questionou Dallagnol.
Coincidentemente, após a crítica de Dallagnol, Flávio Dino anunciou que acionou a Polícia Federal para que investigue os acordos feitos por procuradores da Lava Jato com outros países, que, na semana passada, foi alvo de reportagem da UOL. Segundo o site, Deltan Dallagnol negociou em sigilo com as autoridades norte-americanas um acordo para dividir o dinheiro que seria cobrado da Petrobras em multas e penalidades por causa da corrupção. A Controladoria Geral da União não teria participado do acordo.
“Encaminhei hoje à Polícia Federal o caso dos acordos feitos por procuradores com outros países, sem o procedimento legal. O objetivo é a investigação sobre a origem e o destino de bilhões de reais e os motivos que levaram a tais acordos com autoridades estrangeiras”, anunciou Dino.
O senador e ex-juiz federal Sérgio Moro criticou a iniciativa de Flávio Dino.
“Ministro da Justiça pede a PF a instauração de inquérito com base em ‘prova’ ilícita. Uma vergonha. Estado de Direito jogado pela janela. Nem vou discutir o mérito do acordo, aliás aprovado na época pelo Conselho Superior do MPF e elogiado internacionalmente”, salientou Moro.
É aguardar e conferir.