24/08/2023 – 19:30  

Integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro aprovaram 57 requerimentos, dentre eles uma nova convocação do tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, e a quebra do sigilo telefônico e telemático da deputada Carla Zambelli (PL-SP).

Os parlamentares aprovaram também o pedido de um relatório de inteligência financeira sobre Zambelli desde o dia 1º de janeiro de 2019. O levantamento será feito pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras.

Tanto a quebra de sigilo da parlamentar quanto a reconvocação de Mauro Cid foram motivadas pelas informações prestadas pelo hacker Walter Delgatti Neto à CPMI em 17 de agosto.

Bruno Spada / Câmara dos Deputados

Deputados e senadores durante reunião da comissão

Embora o presidente da CPMI, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), tenha afirmado que a pauta foi fruto de acordo, a oposição reclamou que havia desproporcionalidade a favor do governo. O senador Marcos Rogério (PL-RO) destacou que, dos requerimentos aprovados, 51 eram da relatora e da base governista contra 6 da oposição.

“É desproporcional, CPMI é instrumento de controle político da administração, é um instrumento da oposição, é um instrumento das minorias, nós somos minoria aqui, mas os requerimentos não são aprovados, não são sequer pautados.”

O deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA), por sua vez, ressaltou que somente cinco requerimentos aprovados eram de parlamentares da base. Os demais foram apresentados pela relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Para o deputado, “é natural” que a relatora dirija a investigação.

Arthur Maia garantiu que trabalha para assegurar não apenas a inclusão de requerimentos da oposição na pauta quanto para que sejam aprovados. No entanto, lembrou que o número de integrantes da base do governo na comissão é de praticamente três para um da oposição.

“Ninguém mais do que eu aqui tem trabalhado para incluir requerimentos da oposição. Eu tenho feito, sim, um esforço imenso, porque eu entendo que, para a nossa CPI ter credibilidade, é preciso que haja aprovação de requerimentos da oposição e do governo, mas eu não posso me sobrepor à maioria.”

O presidente da CPMI do 8 de janeiro garantiu que vai se reunir com outras lideranças, do governo e da oposição, para tentar construir uma pauta definitiva a ser trabalhada até o dia 17 de outubro. Arthur Oliveira Maia destacou que, devido aos feriados de 7 de setembro e de 12 de outubro, restam apenas nove reuniões do colegiado. Para o deputado, essas sessões deveriam ser utilizadas para ouvir testemunhas.

A intenção, segundo disse, é que o relatório seja apresentado no dia 17 de outubro.

Reportagem – Maria Neves
Edição – Ana Chalub